Díspares versos, quase despercebidos de tão discretos, cantados com pressa, quase que com descaso, donos de um peso e uma profundidade vitais a canção.
Os incomparáveis versos de Orestes Barbosa em Chão de Estrelas descrevendo em uma única linha sua amada com tanto carinho, dizendo: ''Tu pisava nos astros distraída'' e quando tão docemente o mestre Noel dá o toque singelo do afeto por sua filha em O mundo é Um Moinho iniciando cada estrofes ora com ''Amor'' ora com ''Querida''
Nos mais contemporâneos, Caetano expõe o encantamento pela beleza da mulher em uma tarefa diária no verso ''Com lágrimas nos olhos, de cortar cebola , você é tão bonita'' e é possível imaginar, entre lençóis, o rosto cansado e aflito, os olhos aliviados da injustiçada Geni quando Chico diz ''Num suspiro aliviado ela se virou de lado e tentou até sorrir''
Aqueles que esperam tais gestos e não o percebem se desiludem incompreendidos. Porque o mesmo que não os percebem não os oferecem.
É uma simples questão de sensibilidade, de perceber os olhares afetuosos ou os gestos que ocultamente tornam nossa vida um tanto amena.
É como segurar com as mãos o rosto da mulher e fitar seus olhos por instantes, espiar lhe quando distraída ou mesmo secar lhe os cabelos de frente ao espelho depois de amar no chuveiro.
''E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim''
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim''
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''Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
caminhava assim''
Concordo com seu ponto de vista em relação a sensibilidade, é triste mas quase certo que a rotina tira a nossa sensibilidade e as vezes mina o relacionamento e nossa capacidade de ver os erros e corrigi-los
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